Arquivo Arquidiocesano | Homilia, Ordenação Diaconal de 02/07/2025

ARQUIDIOCESE METROPOLITANA 
DO RIO DE JANEIRO


DOM JOÃO MAGNUS SARTO
BISPO AUXILIAR


Segue a homilia de Dom João Sarto, bispo auxiliar, na ocasião da ordenação diaconal dos diáconos Peter Erdo e Bruno Raiol:

 Caríssimos irmãos e irmãs,
queridos ordinandos,

A Igreja hoje se reúne com júbilo para acolher um gesto que ultrapassa o tempo e inscreve-se no coração da eternidade: a ordenação de novos diáconos. A ação litúrgica que agora celebramos é marcada por um profundo mistério — não no sentido de algo obscuro, mas no sentido mais pleno da palavra: algo que Deus revela de si mesmo e que exige uma resposta total do homem.

O Senhor continua a olhar para as multidões com compaixão. Ele vê, como no Evangelho que ouvimos, os homens e mulheres deste tempo “cansados e abatidos como ovelhas sem pastor”. E diante disso, Ele não apenas sente — Ele age. Ele envia. Hoje, envia vocês, queridos filhos, para serem presença viva de serviço, de caridade, de evangelização.

Mas o primeiro a ser evangelizado é sempre o próprio ministro. Vocês hoje entregam a vida ao Senhor não como quem assume um cargo, mas como quem recebe uma missão: tornar-se servidores. Não servidores de uma estrutura, mas servidores de Jesus Cristo nos irmãos. O diaconato não é um estágio, é um sacramento. Não é apenas um passo, mas um selo.

São Paulo, na carta aos Coríntios, nos oferece uma das imagens mais belas do ministério eclesial: “Trazemos esse tesouro em vasos de barro”. E que verdade essencial é essa! O barro é frágil, é limitado, mas carrega em si um dom que não é dele. O diaconato não é uma recompensa por méritos ou estudos, mas é graça. E, portanto, é dom, é cruz, é serviço.

A Igreja confia a vocês um Evangelho que não pode ser falsificado, não pode ser diluído, não pode ser negociado. Como diz Dom José Tolentino Mendonça: “A Palavra não se impõe, ela se propõe. Mas quem a carrega deve carregar com limpidez, com verdade, com a coerência de quem foi ferido por ela primeiro.”

O mundo não precisa de mestres eloquentes, mas de testemunhas críveis. Como disse o Papa Francisco: “O ministério é para servir, não para subir; é para lavar os pés, não para se sentar nos tronos.” Vocês serão ministros da Palavra, do altar e da caridade. E essas três dimensões não podem se separar. O que anunciam com os lábios, viverão na vida. O que tocam no altar, reconhecerão nos pobres. O que proclamam nas igrejas, sustentarão nas periferias.

E o que sustenta tudo isso? A oração. Um diácono que não reza é um vaso vazio. Rezem sempre, mesmo quando não tiverem vontade, mesmo quando não souberem como. O serviço cristão só permanece fecundo se for regado pelas lágrimas derramadas diante do sacrário.

Queridos irmãos, a messe é grande. E o Senhor, hoje, ouve os clamores do seu povo. Ele vê a sede de justiça, de escuta, de acolhimento. E responde, como sempre respondeu: chamando homens frágeis para fazer coisas grandes. Hoje, vocês são resposta de Deus a esse clamor. Não recuem. Não se percam em vaidades. Sejam, simplesmente, de Cristo. E Ele se encarregará do resto.

Entrem nesta nova etapa com temor e tremor, mas também com alegria e confiança. Porque aquele que chama, sustenta. E aquele que envia, caminha junto.

Que Maria, serva do Senhor, vos acompanhe. Que São Lourenço, diácono e mártir, vos inspire. E que São Sebastião, patrono desta Igreja do Rio de Janeiro, vos ensine a amar até o fim.
Que agora e sempre, assim seja. Amém.
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